domingo, 27 de julho de 2008

"TESSITURAS, INTERAÇÕES, CONVERGÊNCIAS - ABRALIC 2008


Julho de 2008. São Paulo ferve. As atividades culturais durante o 11º. Congresso Internacional da ABRALIC (Associação Brasileira de Literatura Comparada), que começou em 13 de julho e foi até 17 deste, no campus da USP, mais precisamente nas FAU e FFCL, teve de tudo: palimpsesto, na palestra de abertura do Prof. Dr. Alfredo Bosi, que continua defendendo ferrenhamente suas teses sobre a obra de Machado de Assis – “Figuras do narrador machadiano” – à conferência extremamente coerente do Prof. Dr. Frederic Jameson, da Duke University, e aos 182 simpósios que deram o arcabouço do debate ao tema “Tessituras, Interações, Convergências”. Ao mesmo tempo, paralelamente, acontecia a exposição "Mas este capítulo não é sério", no Museu da Língua Portuguesa, que tem por objetivo principal celebrar o centenário da morte de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), mas comemorando, por assim dizer, o eterno aniversário de vida que completa a sua extraordinária obra entre os leitores do Brasil e do mundo.
Isso sem falar em outros “momentos gozosos” da alta cultura brasileira, para a qual os celebrados pesquisadores de diversos lugares do mundo, incansáveis por buscas da apreensão do “novo”, se reúnem em mesas-redondas, tais como Henry Schwarz (Georgetown University), Tiphaine Samoyault (Univ. da Paris VIII), Ismael Xavier (USP), Cristóvão Tezza (UFPR) e Martin Kohan (Univ. de Buenos Aires) – conferencistas - , além de Susan Willis (Duke University), Jacqueline Penjon (Univ. de Paris III), Zilá Bemd (UFRGS), João Adolfo Hansen (USP), Alcir Pécora (UNICAMP), Suzi Frankl Spaerber (UNICAMP – com quem coordenei um Simpósio, no qual falei sobre a literatura narrada no teatro brechtiano) e muitos outros. O coquetel de abertura, na Casa das Rosas, casarão da Av. Paulista que abriga a obra de Haroldo de Campos, já nos dava uma idéia do que seria essa festa multicultural e cosmopolita.
Encontrei amigos que não via há 10 anos, fiz novas amizades e ouvi atentamente pessoas preocupadas em estabelecer um entrelugar na “Literatura e Dramaturgia: entre o palco e a Academia”, “Literatura e outras artes (música, pintura, dança, cinema, teatro): Leituras e relações intertextuais. No entanto, Machado de Assis sempre rouba a cena. Se não na fala de Frederic Jameson (para qualquer conhecedor da Síndrome da Bruxa Malvada babar!) – se entendesse Inglês, é claro!!! – “Realismo e Afeto” - , na exposição que celebra seu centenário de morte.
Antonio Carlos de Moraes Sartini, superintendente do Museu, assim nos situa a exposição: “"Mas este capítulo não é sério", como pouco séria, por vezes, nos parece a vida e a própria existência humana. Machado de Assis, nosso grande escritor imortal, soube, como poucos outros no mundo, retratar tão bem e com tanta crueza as mazelas da sociedade. Crítico certeiro e humorado, a partir da estimada cidade do Rio de Janeiro, há mais de 100 anos, o autor construiu uma obra absolutamente universal, pois tem como tema principal algo que está presente em toda parte e que não muda: "o Homem".
Ainda acrescenta: “O Museu da Língua Portuguesa não poderia deixar de prestar sua homenagem a este autor considerado um dos melhores do mundo no centésimo ano de sua morte. A mostra - MACHADO DE ASSIS "Mas este capítulo não é sério"- pretende aproximar o público, principalmente os jovens, do universo do " Bruxo do Cosme Velho", pretende desconstruir a imagem de escritor consagrado e inatingível e apresentar sua verdadeira e única imagem: a de um autor brilhante, atualíssimo e próximo de seus leitores. Ler Machado de Assis jamais deveria ser uma obrigação, ler Machado de Assis é, antes de tudo, um prazer imenso, uma aventura enorme, uma satisfação sem igual, ainda que, por vezes, nós leitores sejamos levados a rir de nossas próprias misérias e desgraças. Desejo que, ao visitar esta mostra, o nosso público sinta-se verdadeiramente um leitor passeando por dentro de um livro e, inspirado no grande Antonio Candido, posso dizer que mais prazeroso que visitar a mostra - Machado de Assis "Mas este capítulo não é sério"- só existe uma coisa: beber da fonte, ler qualquer uma das obras de Machado de Assis, de preferência todas!”. Isso é o que todos deveriam fazer. Esse negócio de Síndrome da Bruxa Malvada é doidice, insanidade de gente da escola do ressentimento. Vá estudar, ora bolas! Palmas para ABRALIC e para o Museu. FUUUUUUUU! Fora, gente que não tem o que fazer, ou a quem falta ambição para fazer coisas mais frutíferas! Há Bruxos e bruxinhos, afinal! Machado e machado e assim se caminha, nesta nossa Língua Portuguesa, a dos varões, não dos barões amaldiçoados pela ignorância nata.

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